quinta-feira, 17 de março de 2011

SINCERIDADE INFANTIL


Aquele era um pregador como poucos...sabia manter o público com os olhos no púlpito e  o coração em Cristo durante o culto. Tinha mesmo a capacidade de se fazer entender, e parecia realmente abençoado. Não foram poucas as vezes em que, ao final da mensagem via-se nos olhos que não havia praticamente necessidade de apelo , ali estavam todos atônitos e embebidos nas verdades cristãs.
Naquele dia estava, ou  deveria estar especialmente  inspirado. Iria pregar  na igreja central da cidade, e haviam inclusive alguns estudantes de teologia que estariam presentes para ver de perto tamanha capacidade de oratória. Escolheu com grande antecedência o tema, estudou por dias a fio, e deu-se ao privilégio de ensaiar o que diria (algo que não achava normalmente necessário). Enquanto se preparava já pensava nos membros tocados pela suas verdade e de como o próprio Cristo pareceria ter descido para lhe demonstrar o que dizer. Se esmerou e pesou cada palavra, cada gesto, solicitou de sua esposa que deixasse  a  postos seu melhor traje. No dia em questão, acordou com especial concentração, vestiu -se antecipadamente como  de costume, e enquanto espera pela esposa mais uma vez mentalizava o sermão...chegado o grande momento, sua performance especialmente planejada surtiu mais uma vez grande efeito. Falava ele sobre o amor ao próximo que devia começar pelo amor a família,  compreensão como cônjuge, a atenção com os filhos, o respeito e importância em ser um espelho da palavra de deus aos que ainda não a conheciam. Realmente a pregação foi  de singular  qualidade.
Findado o discurso, foi-se então à  porta como é costumeiro, a cumprimentar os presentes e receber as parabenizações por inspirada mensagem, nisso, percebeusua filha única de 5 anos lhe puxava a barra da calça querendo algo e atrapalhando sua recepção dos congregandos, e este fingia discretamente que a pequena não existia...desesperada ela tentava avisar que a filha de um visitante estava partindo com sua boneca nas mãos( a outra menina tinha aproximadamente  3 anos e o fazia diante de pais distraídos)...nervosa o perceber que a atenção lhe era negada frente a tão importante situação a filha do pregador desistiu, ao passo que exclamou: Por isso que prefiro o papai que fala no Púlpito.

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