segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

ENCONTRO

Aquele homem parecia um cidadão acima de quaisquer suspeita. Focado no trabalho, profissional de sucesso conhecido pela sociedade em geral, jamais visto em  bebedeiras e outras extravagâncias, tinha uma grande facilidade de fazer amigos e ser querido por onde passava, sendo a típica figura do bom moço, top de linha da sociedade... dentro da sua alma no  entanto, um segredo lhe fazia tremer e se amaldiçoar diante do seu próprio semblante. Aquela figura pacata e tranqüila na verdade, tinha um afeição sexual estranha, doentia, secreta e nunca realizada por crianças.
Quantas  vezes sofreu em si mesmo observando as filhas dos vizinhos. A falta dos trejeitos femininos  lhe atraiam, e sua cabeça deleitava-se em animosidades. Sabia a gravidade daquilo, mas simplesmente era algo maior do que seu próprio ser. Tentou buscar auxílio profissional, mas tinha medo de ser tachado, carimbado, marcado para sempre por sua estranha e involuntária predileção. Não queria ser considerado um monstro, tinha pesadelos com a execução do ato e as conseqüências do mesmo,e tal situação o fazia evitar ambientes com crianças, a fim de se por longe do perigo. Evitava também a pedofilia pela internet, pois tinha muito medo daquilo crescer dentro dele (o que já estava acontecendo).
A despeito de acreditar no poder de fazer o que é cert o, considerava todo e qualquer aspecto religioso uma farsa, e tentava justificar isso com argumentações as quais acreditava estarem baseadas na lógica. Entretanto lá no fundo, no seu íntimo, era de outra forma que justificava tal “certeza”: Não podia haver um ser superior, ou se houvesse, era muito maléfico, posto que este lhe via o fardo que era aquela sua compulsão sexual miserável e ainda assim, mesmo vendo a sua luta, não lhe tirava este tumor  da sua conduta. Com o passar do tempo convencia-se que, nada nem ninguém poderia olhá-lo a fundo e perceber algo que não fosse essa podridão. Em vão buscava relacionamentos, os quais ele mesmo frustrava com uma tenebrosa certeza de incapacidade de amar alguém normal, uma mulher adulta. Se via mesmo como um bicho diante das outras pessoas  não obstante suas lutas e sacrifícios. Ir à praia por exemplo se tornava um martírio de segurar  a sede concupiscente , tal qual a sede de sangue dos morcegos hematófagos. Sua vida corria mesmo ao largo de qualquer religiosidade, e fincada nesta sua  luta, a qual se fazia solitária e inócua, presente a  cada minuto.
 Assim seguiam as coisas, até que um dia, passou na frente de uma igreja, onde se realizava um culto evangélico. O orador expunha sua ficha corrida na polícia para justificar seu tempo de cadeia: Era um assassino compulsivo que houvera ficado famoso no passado por horrorizar a cidade com o tormento que impunha às vítimas antes da morte.  Mesmo sendo tão velho( posto que o homem havia passado muito tempo na cadeia) conhecia  a fama daquele na sua frente e não consegui compreender o que fazia um doente como aquele um renegado, um lixo ,à frente de uma congregação religiosa. Já estava absorto nestes pensamentos quando percebeu-se dentro do local congregacional, e se viu diante da curiosidade de saber o que tinha aquele homem a oferecer aos demais presentes. Atônito viu-se diante de realidades bíblicas: Jesus veio para salvar toda a humanidade, para os doentes, para os deturpados, para os desprovidos por si só de algum merecimento, em suma para toda a humanidade!!!
Aquelas palavras vinham de alguém que acredita que estava perdoado, de alguém que cumprira sua pena com a justiça dos homens, mas se dizia fruto da misericórdia de um deus que se fez homem, que foi julgado e condenado injustamente, carregando física e principalmente espiritualmente o peso de todos os pecados todos os erros que foram cometidos nesta terra...de repente, a sua cabeça dava voltas, pensava no quanto se via como miserável e incapaz , e se havia mesmo  uma forma de um ser superior perdoar sua transgressão, e mais retirar dele esta mazela, lutar com ele contra aquilo que parecia impossível de ser vencido. Havia algo grande, algo indescritível ali, já que aquele homem a sua frente tinha um semblante calmo, alegre, e estranhamente, liberto. Naquele instante entendeu a grandeza do ministério cravado na cruz : Ele não estava nunca esteve sozinho!!Morreu o redentor no seu lugar e o orador avisava como se dissesse vendo dentro da alma daquele homem ali a frente: Jesus está de braços abertos, basta você o aceitar como eu aceitei!!!...olhou para o lado como se outros conhecessem seu sofrimento, e uma grande comoção tomou conta  de seu espírito: Havia saída, possibilidade havia de verdade a verdade da vida : A cruz do calvário.
Olhou para sua vida e viu todas as suas tentativas de negar a existência de deus, e mesmo de atribuir a ele se presente, um aspecto malévolo ( já que não se importava com ele), mesmo assim aquela força estranha o chamava lá no seu coração de meu filho, lhe oferecia a mão para um novo caminho, lhe falava de paz através de um outrora mensageiro do sofrimento e da dor. Despido de seus orgulhos e conceitos, a máscara caiu e o frágil ser ali dentro, juntando assim seus resquícios de acreditação,  presentes nas suas próprias negativas,  pediu ajuda ao Pai celeste  E assim, muito estranharam quando viram aquele homem de vestes finas de joelhos, de vida aparentemente tão cheia de sucessos e alegrias,  oferecendo seu coração pecador ao amor de  Jesus Cristo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O PRÍNCIPE E O SERVO

Na aurora  advento do cristianismo, quem sabe através das constantes peregrinações dos cristãos, eis que um humilde lavrador acabou sendo convertido à fé cristã.
 De volta à sua longínqua terra nos confins da Ásia, onde imperavam religiões politeístas, este servo de Deus fora considerado impuro, por sua “louca religião” , sendo expurgado das terras do rei( que eram as mais férteis), e forçado a trabalhar fora dos limites da cidade, sem a proteção dos muros ou mesmo o auxílio do trabalho conjunto , este homem voltou corriqueiramente ao seu trabalho servil.
Nesta terra, haviam muitos príncipes, e eis que o mais velho filho de um dos governantes, de passagem para uma festa, com curiosidade percebeu uma choupana, onde dentre aqueles que eram privados da presença nos domínios reais, vivia um incompreensível camponês, que cantava hinos felizes e melodiosos e refletia uma paz aparentemente insana. Qual o motivo de tanta alegria,  seria um delírio fruto do trabalho diante do árduo sol? ...percebeu, atônito, que seu cantar não falava de histórias de muitos deuses ou incontáveis heróis, mas de um deus uno e fiel .Voltando para seu cotidiano, derribou –se  em pensar: Como são tolos os camponeses e debilmente simples,  até no credo!!!.Até que um dia , incontrolável em sua curiosidade, perguntou ao servo : - Como pode  alguém ter uma fé tão pobre que resida num único Deus e ainda assim viver um cotidiano duro tão contente..estás louco servo meu?
- Amado príncipe, sei que não sou digno de vossa pergunta, mas posso responder que  minha felicidade reside na fé num deus único e verdadeiro, que deu seu único filho para salvar a humanidade – Diante dessa nada esclarecedora (aos seus olhos) resposta, seguiu adiante com  a comitiva para os festejos.
Na sua volta, fatigado dos prazerosos e recheados dias  de urgias e deleite, voltava o príncipe aos seus aposentos, e no mesmo local  do prinmeiro encontro encontrou  o camponês, a louvar e a sorrir. Aquilo, além de um devaneio, soou como um desacato ao sistema estabelecido naquele reino, e à sua religião  nativa. Não obstante, baixou um decreto pelo qual dobrava as obrigações e impostos àquele homem, bem como a qualquer outro que fosse professo de fé estrangeira, mormente fé monoteísta.
Foi com grande surpresa que  viu aquele homem simples vir à sua presença e pagar os impostos que estava incumbido, seja com dinheiro seja com os frutos do seu trabalho. Soube, por muitos dos seus escribas e auditores, que a infértil terra insanamente florescia em beleza e frutos, e que seu dono não só cantava como falava e alegrava outros que compartilhavam de sua miserável condição de expurgado social. Percebendo um perigo político que tal realidade significava, posto que muitos já  ouviam o servil daquela exótica fé denominada cristianismo,vossa majestade ordenou que, durante a noite,  fosse destruída toda benfeitoria das propriedades além muros, colocando a inscrição: Isto é para quem ouve loucuras de cristãos.
Foi com pensamentos sombrios que o  futuro governante logrou amanhecer próximo ao regato de vida do convertido, esperando que uma reação mais abrupta  que pudesse estimular uma retaliação física, uma prisão ou mesmo uma execução. Não obstante às sua já  demonstradas atitudes, diante de tanta miséria, aquele trabalhador resumiu-se a entrar em oração, e iniciar o trabalho de reconstrução. Não começou o trabalho porém , sem falar aos ventos(posto que os ouvintes escasseara diante de tantas privações) do amor do seu  Cristo, e não o continuou sem ritmar louvores sinceros.
Aquelas Palavras e aquela obstinação ficaram na cabeça do príncipe que, a cada momento de sofrimento ou externa compaixão, lembrava dos cantos e orações daquele homem da terra, e não diligente suas sanções, que não podiam ser revogadas por serem palavras reais, de quando em vez se aproximava para ouvir falar daquele deus que era capaz de trazer tanto afeto e paz aos mais simples dos corações ...e diz-se que foi bem deste jeito, que surgiu um dia o primeiro rei a se professar cristão no longínquo continente asiático.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Não Mais Dor

Ao passar diante daquele casebre, algum desavisado julgaria que aquela era mais uma igreja evangélica récem criada , a despeito do tamanho e da localização impróprias, posto que a mísera residência estava situada à beira de um precipício. Diante de tantos irmãos de igreja a sua volta, notadamente jovens, estava um corpo combalido, esquálido, pífio, onde a sombra da morte já se fazia grande, mas não maior do que a certeza que havia naquele sopro de vida ainda restante, a certeza do grande amor de Deus para com seus Filhos.
Maricota, por opção do pai e nome de registro, ou Dona Cotinha era uma figura constante, não apenas na igreja, esquinada na entrada da favela do Roncó, mas em qualquer local onde se precisava de um curativo, um cuidado, um conforto, uma palavra amiga ou uma oração. Disposta, passava pouco do seu tempo em casa, pois sempre era requisitada por alguém que tinha um filho doente, sofrido um acidente ou mesmo levado uma bala perdida. Assim como no trabalho com a comunidade, nos cultos sua alegria e seu vigor eram intermináveis. Beijava carinhosamente os irmãos na recepção e cantava os louvores com toda força dos seus pequenos pulmões... Varria a igreja, arrumava o púlpito e tudo mais que precisasse ser feito, até que pudesse finalmente se deleitar das pregações, cumprimentando alegremente o pregador ao final e retornando para casa sempre com um sorriso.
Assim era Dona Cotinha, até ser assolada pelo câncer, a doença diagnosticada já em estado avançado, tomou conta de todo seu intestino e se alastrava rapidamente. Enquanto suportou, nossa doce irmãzinha, foi para a igreja gemendo, de carona e mesmo carregada, mas foi. Não tinha vergonha de pedir a conhecidos e estranhos, cristãos ou não, que orassem por ela. Deixava claro, contudo, que fosse feita a vontade de Deus. Com o avançar da doença, já não podia mais ir à igreja, ficando algum tempo internada, ao fim do qual, diante da falta de mudança do quadro diante  da quimioterapia, foi mandada para casa, como era seu desejo. As visitas eram constantes, e por estas soube da desolação da igreja diante do seu quadro. Alguns diziam não ser tão justo estar uma filha de Deus assim, sofrendo tanto.
Imediatamente Dona Cotinha pediu que fosse avisado aos irmãos que queria um culto na sua casa, o quanto antes, um culto diferente com todos os membros da congregação. Disse também que avisaria o momento oportuno. Com fervor, a igreja esperava a confirmação da data, imaginando um grande culto de pedido, um esforço de oração diante do leito da querida senhora. Sentindo a vida se esvair, a resignada senhora então marcou a data. Dito e feito. Numa quarta-feira a casa parecia estar ainda menor diante de tanta gente... Os que chegaram mais cedo foram se acomodando, e logo estavam ali dentro ou na porta, quase todos os irmãos de fé de Roncó. Logo, um dos anciões da igreja tentou iniciar uma tentativa de organizar uma grande oração conjunta, pelo restabelecimento da irmãzinha combalida. Neste instante, mesmo diante de tanta dor, Dona Cotinha pediu a palavra, orou ela mesma pedindo que fosse feita a vontade do Senhor sobre sua vida e, a toda força, iniciou um louvor: “Em breve sei, céus e terras irão passar, meu Deus então tudo novo transformará...” A igreja emocionadamente cantou junto com sua amada velha e entendeu o recado. Dali a dois dias “Não mais dor”. Dona Cotinha partiu, de causa mortis Câncer generalizado, penso eu que para o breve sono dos justos que precede a  Vida Eterna.

ELES ESCOLHERAM LOUVAR

Durante a guerra civil angolana, uma família cristã tradicional viu seu cotidiano tragicamente mudado. O terror da guerra étnica destroçava toda a nação, e o pastor adventista  Tomás, junto com a mulher e seus 5 filhos, passavam por monstruosas dificuldades.Além de todo o martírio que a guerra provoca, haviam sérios agravantes, como o encerramento momentâneo de atividades dentro da igreja, fruto da insegurança reinante,  e o ambiente caótico, onde mesmo alguns cristãos precisavam pegar em armas, fizeram do ministério deste homem e da vida de sua família algo extremamente difícil.
Muitas vezes esta dificuldade se tornou absurda. Problemas para conseguir alimentação para os pequenos, o observar temoroso e cheio de dor da morte de parentes e amigos, ganhava ares insuportáveis frente a um perigo assombroso: Por vezes as milícias buscavam recrutar crianças forçadamente (mediante seqüestro) para se tornarem soldados ou semi-escravos. Assim, não raro a até então sempre sorridente Beatriz tinha que passar dias com seus filhos escondidos no quarto em baixo de cama ou abaixados, impossibilitados sequer de oferecer uma sombra que projetasse sua presença para fora da humilde residência. Estas crianças, notadamente os mais velhos, cresceram neste cotidiano de sofrimento e incerteza, até que o pai optou por vir ao Brasil, quando  a situação assim lhe permitiu.
Apesar de pouco falarem sobre este assunto (a mãe fala muito mais do que eles), quando tocado no assunto é possível ver que em cada um deles (os que conheço da família , pelo menos) ainda persistem lembranças daqueles difíceis momentos.
Motivado pelo meu fascínio diante destas histórias, me vi obrigado a muitas vezes perguntar a matriarca sobre os acontecimentos e sobre o que faziam para buscar forçar e ainda se manterem vivos. De forma simples e calorosa como é praxe dos angolanos, ela um dia me disse : Exatamente deste modo que você está vendo...Louvando!!!....O que nos manteve foi sempre ter um louvor na boca quando possível, mas sempre, sempre um louvor no coração. Só aí fui atentar para o mistério daquela família, e pude entender de onde vinha tanta alegria e mesmo tanta reverência e superação em cantar ao mundo as maravilhas do nosso amoroso Deus. No lar dos Tomáz, todos cantam muito bem, aprendem uns com os  outros técnicas de canto muito cedo e principalmente, a gratidão diante do Eterno.
  Sempre que neles penso, me vem à mente o quanto já reclamei da minha vida e minhas dificuldades...e quanto elas são mínimas diante do que esta família passou....filhos criados ( um ainda em idade escolar) , bem encaminhados nas suas vocações ou profissões (acaso ou não basicamente na área de saúde, ou seja no exercício de salvar vidas) a vida mudou muito para eles, menos no que tange ao continuar e continuar louvando e buscando salvar almas...sempre que neles penso,e  penso no quanto já reclamei da minha vida, rogo a Deus que possa escolher a melhor parte, assim como eles e como Maria diante a visita do Messias a sua casa ( Lc 10:38-42). Que eu possa escolher a melhor parte diante dos meus próprios problemas, pois eles da família Tomáz, eles já escolheram...Eles escolheram louvar!!!

Autoridade

No passado, era figura certa e atuante do ancionato da igreja. Porém a dureza implacável do tempo havia corroído algumas de suas funções vitais, ainda que parcialmente. Assim tinha dificuldades latentes, como incontinência urinária em proporção pequena, mas o suficiente para trazer-lhe um aroma por vezes desagradável. Os irmãos logo perceberam as mazelas da idade, e como sabiam que trabalhar para Cristo lhe era importante atribuíam a ele funções cada vez menores, até que simplesmente ficava de pé na porta da igreja como um diácono perene. Sem reclamar, aceitou o fardo do tempo, disperso em suas ações e observações que eram cada vez menos notadas ou acolhidas. Sentia-se menosprezado, mas sabia que era natural da vida,  que quase aproximava do pôr-do-sol de sua existência. Conservara, todavia, dois aspectos capitais: a alegria constante e a fé no Senhor dos exércitos.
Sempre estava na igreja, nos ensaios de louvores, nas reuniões, nos batismos... Era constante em todos os cultos e todos tinham se acostumado com sua presença, mesmo sem dar muito valor aquele senhor uqe já se fazia quase parte do cenário congregacional. Alguns até lhe dispensavam, em parcas situações, alguma atenção, dando-se a consertar as dobras desiguais da manga de sua camisa ou a gravata mal empostada, frutos de disfunções visuais. Foi assim que tudo se seguiu até uma noite quente de sábado, onde no início de uma vigília, uma senhora que estava tomando estudos bíblicos, foi tomada de assalto por espírito imundo às portas do templo. Foi rapidamente levada para dentro, mas, os mais jovens puderam ver o horror daquela cena e o pastor decidiu rapidamente com o primeiro ancião levar a senhora (diante de muita luta) para uma  sala reservada e começar um ciclo de oração e louvor, buscando expulsar o intruso daquele corpo feminino, já abatido de tanta luta.
Solicitou-se que toda igreja no salão principal permanecesse em oração, pedindo pela senhora possessa, o que foi prontamente seguido,  e alguns membros considerados especialmente capacitados, bem como dois pastores casualmente presentes, foram também chamados à restrita sala. Mas enquanto oravam aquela situação dantesca se mantinha. O espírito imundo tomava conta do corpo daquela mulher e se punha a escarnecer dos presentes, e se por vezes se mantinha calado, até então não manifestara o melhor desejo de partir. O pastor mais experiente afirmou que era necessário que os presentes confessassem os próprios pecados e perdoassem imediatamente seus rancores, ou, ao invés de ajudar, apenas estariam atrapalhando. Seguindo o que foi proposto alguns pecados foram confessados e mesmo algumas rusgas perdoadas ali mesmo. Na prática, porém o efeito foi nulo. Nem as orações da igreja em conjunto, nem aquela atuação restrita na sala faziam efeito algum, parecia que aquele espírito era imensamente forte e nada podia detê-lo.
Neste ínterim, alguém foi designado para telefonar a um pastor especialista neste assunto, enquanto saiu para cumprir a missão passou a outro membro o que estava acontecendo. Graças ao bom Deus, o ouvido do nosso estimado irmão Vasconcelos ainda funcionava muito bem, e, ao ouvir o que falava o outro irmão sobre a gravidade do que estava acontecendo, calmamente se dirigiu à sala, mesmo sem ser chamado para tal. Foi até advertido por um dos diáconos para que retornasse à nave, mas, fingindo não ouvir, entrou na sala onde aquele triste fato continuava acontecendo. De forma muito decidida, aproximou-se da mulher e antes que qualquer reprovação pessoal pudesse ser proferida por aquela criatura espiritual repugnante, pegou a senhora pelo braço e disse:
- Como filho de Deus e em nome de Jesus, eu te ordeno, saía. Agora!...
Surpresos, os presentes viram a feição da mulher mudar e esta jogar-se ao solo exausta. Enquanto isso o irmão Vasconcelos voltava calmamente ao seu posto na porta da igreja e os presentes souberam então, naquele instante e para sempre, o real sentido de uma palavra: AUTORIDADE.